Minha felicidade é verde como a esperança
Zenóbio Oliveira das Aguilhadas
Hoje eu fui contemplar o sertão. Ver de perto
o metamorfismo desse ambiente tão vicissitudinário. A casca pálida que
descorava a caatinga se esfolou perante o matiz que se estampa agora, trazido pela
magia da chuva, como tivesse o campo bebido gotas de arco íris.
Ainda me encanto com o orvalho suando as
folhas do marmeleiro. Ah, quanto me faz bem o cheiro de mato molhado, o rumor
dos córregos, as pequeninas fontes borbulhantes na beirada dos caminhos, como
flores d’água, me sugerindo, desde menino, ser o solo chorando as lágrimas da
felicidade.
Tenho a alma recompensada toda vez que avisto
o sertanejo, ombreando a enxada, atravessar as poças pelo caminho do roçado,
com a mesma fé de quem atravessou o mar em busca da terra prometida.
Sempre me fascinou as feições dos janeiros
milagrosos, a generosidade do aguaceiro dos marços botando vida nas sangrias
dos açudes.
Como me apraz a visão lilás da floração do
feijoeiro, como me conforta a paisagem de uma lavoura bageada enchendo as mãos
do homem do campo.
Fico contente ao ver essa fartura estendida
em esteiras pelos terreiros de abril.
O que é a alegria senão um punhado de festa
na simplicidade dos bichos, e no dueto harmonioso do vento com as árvores?
Diante desse cenário esverdeado do sertão compreendo que a concupiscência emparedou-me o regalo na ilusão de concreto da cidade grande, porém aqui parado, pés desnudados sobre a lama dessas veredas, posso enxergar todos os atributos do meu contentamento e compreender que minha felicidade mora neste chão sublime e que ainda me espera adormecida sob a sombra dessas catingueiras.
Diante desse cenário esverdeado do sertão compreendo que a concupiscência emparedou-me o regalo na ilusão de concreto da cidade grande, porém aqui parado, pés desnudados sobre a lama dessas veredas, posso enxergar todos os atributos do meu contentamento e compreender que minha felicidade mora neste chão sublime e que ainda me espera adormecida sob a sombra dessas catingueiras.
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