O
ECRIPE
Pompílio
Diniz
Essa
história de dizê
Qui
o mundo vai se acabá
Já
deu muito o qui fazê
Já
deu muito o qui falá
As
muié num hora dessa
Pra
seus marido cumeça
Munto
segredo contá!
Era
comum no sertão
Si
aquerditá nas bestêra
Do
“Cabeça de Lião”
Um
amanaque de fera
Qui
o povo qui lê si intope
De
pruficia e horoscope,
Pru
resto da vida intera!...
Veja
cuma o povo omenta
Essas
coisa pra pió
Já
no finá de quarenta
Naquele
ecripe do Só
Os
amanaque dizia
Qui
o mundo naquele dia
Num
ficava nem o pó!
Quando
o buato correu
Todo
mundo aquerditô
E a
muié de Rumeu
Qui
a principi num ligô
Veno
o mundo iscurecê
Pensano
qui ia morrê
Pra
seu marido falô:
- Ô
Rumeu, meu Rumeuzin!
Tu
perdoa os erro meu?!
Já
qui o mundo ta no fim
Vou
contá o qui acunteceu
Tu
sempre pensô qui eu era
Uma
muié muito séra
Mas
foi ingano, Rumeu!
Tu
sabe cuma é os home
Eles
num serve pra nada
Pois
nunca arrespeita o nome
Nem
liança de casada
E a
gente cum sacrifiço
Vai
regeitano no iníço
Mas
a insistênça é danada!...
Tu
te alembra de Justino?
Pois
ele foi o premêro
Dispois
dele o Belarmino,
Honorato
Missanguêro,
Chico
Brabo, Zé do Ganço,
Sivirino,
véio Amanso
E o
seu Mane Sapatêro...
Ô
Rumeu tu ta lembrado
Daqueles
vinte mi réis
Qui
eu dixe qui tinha achado
Duas
notinhas de dez?!
Aquelas
nota Rumeu
Tu
qué sabê quem me deu?
Foi
teu cumpade Moisés!
Naquelas
tuas viage
Pras
fêra de Cunceição,
Te
falo sem pabulage
Muitas
vez o sacristão
Trazia
do seu Vigáro
Aqueles
vinho bem caro
Pra
nóis dois tomá pifão!
Mas
a curpa nun é minha,
Pois
muitas veiz tu saía
E me
dexava sozinha
Sem
nenhuma cumpanhia
Tu
num ligava pra nada
Eu
tombem ficá parada
Desse
jeito num pudia!...
Quantas
veiz tu ia as festa
Pra
dansá e se divirti
E eu
ficava feito besta
Em
casa sem pudê i!
Apois
quando tu saía
Eu
tombem mi divirtia
Cum
Juvenço Bentivi!
Inquanto
o Ecripe durô
Foi
pra Rumeu padicê
Pois
tudo qui se passô
A
muié foi lhe dizê
Quando
essas coisa acuntece
Os
coitadinho parece
Qui
é o derradêro a sabe!
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