Queixa de sertanejo.
Diniz
Vitorino
Sou
sertanejo patrão
Trago
nos óio istamapdo,
Os
retrato disbotado,
Dos
drama do meu sertão.
Faz
tempo e pra eu foi onte,
Queu
vi pro riba dos monte,
As
nuve fazer lençó,
Pro
riba da serra iscura,
Pra
se queimar na quintura,
Da
brasa acesa do só.
Eu
sofri do mermo jeito,
Que
os conterrano sofrêro,
As
mão da seca iscrevêro,
Umas
tragéida im meus peito,
No
fundo do meu isprito,
Juro
Cuma tem iscrito,
Uns
rumance doloroso,
É um
histora iscrivida,
Nos
livro da minha vida,
Que
se apagar é custoso.
Vi o
verão assassino,
Queimando
a cara dos home,
O
ribuliço da fome,
Nos
istambo dos minino,
O
vurto magro da sede,
Recostado
nas parede,
Das
casa veia sem gente,
Taliguá
visage feia,
Zombando
da dor alêia,
E fazendo
medo aos vivente.
Foi lá
no sertão seu moço,
Queu
vi o só incarnado,
Cuma
um corpo avermeiado,
Derramando
sangue grosso,
Os serrote
cuma uns forno,
Ingulindo
os vento morno,
Que iscorregava
nas grota,
E as
foia mucha nos vale,
Cumo
uns taco de avuale,
Que o
só do verão disbota.
Foi lá
que eu vi os carnêro,
Butando
a língua de fora,
Morrer
três, quatro pur hora,
Pur a
bêra dos barrêro,
Os vira-lata
pé duro,
Iscrafunchando
os munturo,
Inchendo
os bucho de lixo,
E os
povo pobe in jijum,
Morrendo
de um in um,
Do mermo
jeitpo dos bicho.
Pra eu
tô uvindo o choro,
Dos sertanejo
valente,
Levando
a puêra quente,
Nas
aprecata de couro,
No ombro
um saco amarrado,
E o
bucho seco e ingiado,
Que nem
tripa in labareda,
E os
pé iscrevendo o nome,
Das quatro
letra das fome,
Nos carrascá
das vareda.
Me dá
um nó na gaiganta,
Quando
alembro dos istalo,
Que o
vento dava nos talo,
Dos gaio
seco das pranta,
A ventania
zangada,
Iscavacando
as istrada,
Trocendo
as paia dos rancho,
E as
galinha poedêra,
Atrás
de cumê poiquêra,
Pro dibaxo
dos garrancho.
Quando
eu vejo aqui na praça,
Os home
rico bebendo,
As muié
se arremexendo,
Surrindo
sem achar graça,
Maguado
eu lembro da mágua,
Das sertaneja
atrás d’água,
Sair
dez, doze num lote,
Ir triste
e vortá chorando,
Cum os
bucho seco roncando,
E sem
água dento dos pote.
Vocês
aí in São Palo,
Trata
das égua parida,
Os cavalo
de currida,
Nem se
parece cavalo,
É uns
bicho mantiúdo,
Os couro
é cumo uns viludo,
Pru causo
das vitamina,
Inquanto
no meu sertão,
O povo
cura os pumão,
Cum rapa
de crina-crina.
Seu doto
vossa insolença,
Dê cum
uma chave bem dura,
Três
vorta nas fechadura,
Das porta
da consciença,
Se num
abrir todas ela,
Abra
um meno uma jinela,
Pra vê
meu sertão diserto,
Onde
ninguém tem priguiça,
Mas os
chefe da justiça,
Nunca
pássaro pru perto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário