NORDESTÊS
Hélio Crisanto
Copo pequeno é caneco
Porco novo é bacuri
Namoro agora é xaveco
Diarréia é xiriri
Briga pequena é arenga
Mulher sem futuro é quenga
Bunda também é baiti
Tirar onda é caningar
Vitamina é furtidão
Fazer pouco é caçoar
Frexar é aporrinhação
Carro velho é cafuringa
Tudo que fede é catinga
Fazer bico é viração
Cabra pequeno é baé
Colisão é barruada
Quem salta dar cangapé
Mulher grávida é amojada
Beber liso é pirangueiro
Briguento é imbuanceiro
Cuspe no chão é goipada
Frouxo se diz que é folote
Galo novo é um capão
Toutiço aqui é cangote
Mungango é malcriação
Rede pequena é tipóia
Enrolagem é tramóia
Furdunço uma confusão
Vento frio é cruviana
Xique-xique é marrabu
Bala e bombom é bagana
Comida ruim é angu
Tibungar é dar mergulho
Pedante que tem orgulho
Ficar triste é jururu
Já cansei de miunçar
Chega de cavilação
Que esse nosso linguajar
E essa nossa falação
É o retrato da cultura
Mostrando a literatura
Das coisas do meu sertão.
O MENDIGO
Marcos Ferreira
Esse que você vê tão sem destino
feito carta jogada de um baralho
já foi muito benquisto e muito fino,
apesar dessa forma de espantalho.
Esse velho cansado peregrino
também teve seu lar e seu trabalho.
Não viveu toda a vida em desatino,
como triste e perdido rebotalho.
Pois quem diz há mais tempo conhecê-lo,
me garante que tanto desmantelo
tem alguma mulher por responsável...
Sendo assim, nós o vemos todo dia
carregando a suposta fantasia
por aquela que o fez tão miserável.
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