sábado, 11 de junho de 2011

UMA CENA PARADOXAL

Por Fabiano Régis

Afeito a compras em feiras-livres, armazéns e lojas populares, resolvi fazer uma visita a um “templo” do consumo. Na entrada do shopping uma voz de mulher com um timbre grave ordenava: “Retire seu ticketssssi e boas compras!” Depois de olhar vitrines e controlar meu ímpeto consumista, tomei assento na praça de alimentação. Em meio ao cheiro azedo de fast-food, onde crianças e adultos empanturravam-se com pizzas e sanduiches de metro, pedi um Chopp. Foi aí que uma cena chamou minha atenção:Dois jovens ocupavam duas mesas de olhos postos em seus computadores, prostrados diante do mundo virtual. Por algumas horas fiquei a observar aquela cena incomum, num ambiente que supostamente facilita a socialização, o consumo e o lazer. Aí você deve está se perguntando: E daí? Qual é o problema de um jovem usar um computador num ambiente WI-FI? Nós estamos na era da tecnologia e do conhecimento, a internet e uma importante ferramenta para o acesso rápido às pesquisas, às “informações”, e nos coloca diante das transformações do mundo instantaneamente. É verdade. Você tem razão. O que não se pode negar, é que a internet está levando as crianças e os jovens ao isolamento em suas próprias casas, e pelo jeito em ambientes “públicos” também.Quanta saudade eu tenho da minha infância, com bonecos de sabugo, carrinho de lata, cavalo de pau, banhos de rio e, nos finais de tarde, “Vila Sésamo” em branco e preto na televisão. Da minha adolescência, guardo lembranças boas e inesquecíveis: O meu relógio “ORIENT” a prova d’água, a minha bicicleta verde, e as lições de tabuada com a professora “Iêda”, que não era apelidada de “tia”. Nos arroubos da minha juventude, tinha radiola de tampa com discos de vinil, recheado de “Cartola” e palavras de “Drumond” guardadas na estante. Nas tertúlias e matinês, eu namorava “Amélias”, “Madalenas” e “Marias”, nomes próprios das minhas paixões. Ah! Antes que eu esqueça: O telefone de disco, a televisão “Philco Fordtransístori” e a máquina de escrever, eram tecnologias de um tempo, onde a fala era uma dádiva e a arte do dialogo, tornavam as relações humanas muito mais interessantes.

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