segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Rimando


Casar com mulher bonita
È plantar feijãso de meia
Do grande poeta de Santa cruz- RN
Hélio Crisanto


Sem querer, meu coração
Mergulhou numa cilada;
Beijo de mulher casada
Tem gosto de confusão.
É um crime sem perdão
Cobiçar a dama alheia
Mas parece uma sereia
Essa tal de Carmelita;
Casar com mulher bonita
É plantar feijão de meia.

– HÉLIO CRISANTO

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Conto

VELHO, MAS DIPLOMADO.
Fabiano Régis 

O dia 25de fevereiro de 2006, não foi um dia qualquer. Ele conspirou para o anuncio do resultado do vestibular da Universidade do Estado,que, aliás, foi o meu primeiro vestibular. O dia foi chuvoso, e o sol não apareceu. Eu não posso negar que o moto rádio amarelo, ano e modelo 1980carregado com pilhas novas, permaneceu ligado em cima da geladeira, juntamente com um litro de aguardente, e no fogão, uma panela com buchada, para uma possível comemoração.                                                                         O resultado do vestibular coincidiu com a compra e montagem de uma mesa e computador novo. Enquanto lá fora tinha serpentear de relâmpagos, e estrondo de trovões, eu acompanhava entre cabos, chave de fenda e parafusos, o trabalho do técnico na montagem da máquina. Durante a tempestade, eu ouvia com dificuldade, o locutor com voz impostada anunciando os nomes agraciados, com a aprovação. De repente um relâmpago em estampido, iluminou uma torcida que gritava:                                                        _ parabéns, você passou!
Em meio a gritos e pulos de alegria, o montador do computador resolveu me perguntar:
-Desculpe senhor, mas qual é o motivo para tanta festa?
_Jovem, eu fui aprovado no vestibular para comunicação Social, daqui a quatro anos, eu serei um radialista diplomado!
_ Danou-se. Ainda tem gente que diz que papagaio “VELHO” não aprende a falar!



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cantiga

Debaixo do tamarindo.
Zenóbio Oliveira

A flor do tamarindo lá do meu terreiro,
Tem um cheiro de amor que nunca finda,
A flor do tamarindo lá do meu terreiro,
Tem um cheiro de amor, morena linda.

Escrevi no teu destino,
A história da minha vida,
Os meus sonhos de menino,
Minha paixão incontida,
Meu pranto, minha alegria,
Minha esperança menina,
Só pra ver você um dia,
Debaixo do pé de tamarina.

Quando o galo saudou a madrugada,
Coloquei os molambos na sacola,
Misturei-me a poeira da estrada,
Com a cara, a coragem e a viola.
E no trajeto de minha romaria,
A saudade no meu peito não termina,
Quero encontrá-la qualquer dia,
Debaixo do pé de tamarina.

Vejo a pétala da flor que se espedaça,
Na bruteza da bala do canhão,
Eu sou o fio tênue de uma raça,
Humilhada e maltratada no sertão,
Que tira leite de pedra todo dia,
Nessa luta de leão que só termina,
Quando é noitinha nos braços de Maria,
Debaixo do pé de tamarina.

domingo, 21 de agosto de 2011

Soneto

DESENGANOS
Por Zenóbio Oliveira

Estou fadado a viver de maus auspícios
Exposto ao poder da alheia cobiça
Ao sopro nocivo do mal que atiça
A fogueira voraz de todos os suplícios

E na sombra eterna destes malefícios
A alma sucumbe em angústia maciça
A minha vida, então, se desperdiça.
Em favor de profusos sacrifícios

E da longa jornada, a desesperança.
É tudo quanto trago de herança
Dos meus pobres e fanados anos

Sem amor, sem ventura, sem destino.
Tornei-me um errante peregrino
Na estrada ruim dos desenganos

sábado, 20 de agosto de 2011

Rimando


D. Maria, por favor, me atenda,
Quero um par de sapatos Bonivanti,
O cinto da fivela mais brilhante,
Que a senhora tiver na sua venda,
Vou querer um corte de fazenda,
Pra fazer uma camisa esporte fino,
Uma calça de tergal boca de sino,
Com nesgas do lado de outra cor,
Pois sábado vou levar o meu amor,
No forró da capela de Paulino.

domingo, 14 de agosto de 2011

Folclo-rindo

 Humor do Sertão

 Era um domingo de manhã. Debaixo do Tamarindo frondoso eu, meu pai e alguns vizinhos botávamos a prosa em dia. Entrementes, minha mãe aparece na porta a reclamar:
__ Dois homens em casa e os potes secos!
Diante da Reclamação pai faz uma constatação:
__ Se pegassem a água que carreguei nos ombros, de galão, desde os meus oitos anos de idade e derramassem lá na Serra de Luis Gomes, esse rio aqui ficava com água no pescoço!

__________________________________X______________________________________________

 Vendo minha mãe de saída para a feira, meu pai fez um pedido:
__ Compra uma carninha!
 E minha mãe... __ Ambom, Comesse carne ontem?!
Nova constatação do meu pai:
__ Juntando toda carne que eu comi na minha vida num dá um bode de oito quilos!
_________________________________X______________________________

Cheguei lá em casa para uma visita dominical e não tinha ninguem. Porem eu sabia o esconderijo da chave e entrei. Liguei a TV pra assistir a Fórmula 1. Pouco tempo depois chegou meu pai.
__ Vem da feira? perguntei. __ É! respondeu.
__ Viu mãe? perguntei de novo.
__ Não! Até procurei! Em Maria Emília, Em Antônia Boi, na banca de Luzanira, em Leôncio... Nada.
__ Aliás, tua mãe é como alma, só vê quem tem merecimento!

________________________________X________________________________________________

Meu pai disse que se preparou para ver um jogo do Botafogo na cidade (ainda não tinha luz elétrica nas Aguilhadas) quando o tempo começou a se fechar. Pensou: "se eu sair agora vou levar essa chuva nas costas." Nessa hora lembrou de sua mãe Marcelina e de suas lições religiosas, que rezando-se  o credo três vezes se alcançaria a graça. Então começou a oração para espantar a chuva iminente. Só que resolveu rezar do fim para o começo: Rezou a primeira vez e foi à porta verificar o resultado de sua fé. O tempo já tinha ficado mais aberto, disse. Já dava, inclusive, para ver algumas estrelas. Então rezou a segunda e foi olhar. Até a lua já brilhava no céu...
__ Aí não precisou nem rezar a terceira vez, einh tio, perguntou-lhe o sobrinho Zé Carlos.

__ Não! Mas não rezei, porque tive medo do sol sair!



Homenagem, neste dia dos pais, a Francisco José de Oliveira, o meu.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Lembra da PEG - Propaganda eleitoral Gratuita?

Candidatos no horário eleitoral.
 Zenóbio Oliveira

Na “briga” das eleições municipais,
Tem candidatos de todos os recantos,
Uns “guerreiros”, uns “sofridos”, outros “santos”,
De ofícios vários e classes sociais.
Alguns, é claro, já bem profissionais,
Nessa arte do desdobro labial,
Iludindo de forma genial,
Com juramentos, promessas e desvelos,
Tem candidato de todos os modelos,
Desfilando no horário eleitoral.

Tem os que já desfrutam de mandatos,
Com larga experiência nessa lida,
E os que são nautas de primeira ida,
Componentes do time dos novatos,
Eu só sei que são tantos candidatos,
Disputando voto a voto essa campanha,
Tem eleitor puta velha na artimanha,
Que já diz por aí que não é tolo,
__Se não me der um milheiro de tijolo,
O meu voto, com certeza ele não ganha!

Tem candidato de todos os ofícios,
Prometendo por aí todos os dias,
Garantir para as categorias,
A conquista de grandes benefícios,
É no jornal, no rádio, nos comícios,
É na telinha do seu televisor,
É no batente da porta do eleitor,
É no retrato do santinho que entrega,
Com o pedido: vote em mim caro colega,
Para que eu possa ser o seu vereador!

Tem engraxate, estudante, eletricista,
Advogado, médico, protestante,
Guarda de trânsito, bancário, vigilante,
Aposentado, cantor, radialista
Comerciante, petroleiro, taxista,
Empresário, locutor, fiscal, leiteiro,
Publicitário, ambulante, seresteiro,
Dona de casa, padeiro, vendedor,
Sindicalista, açougueiro, professor,
Policial, autônomo e até pexeiro.

Tem cordeiro, Niô, Comunitário,
Tem Mutuca, Burrego, Passarinho
Baia, Gigi, Gaguim do espetinho,
Mala Véia, Mundica, Missionário,
Da Charanga, Três Vintém, Dibá, Canário,
Tem Do Gesso, Do Lanche, Bigodão,
Das agulhas, Bahia, Seu Leão,
Do Psiu, De Doquinha, De Dodoca,
Tem Machado, Da Caixa, Malhas, Doca,
Da Prefeitura, De Gumércia e Furacão.

Eu me empolgo quando a televisão,
Anuncia o programa desse povo,
Pelo menos é conteúdo novo,
Recheado de humor e diversão,
Melhor do que Gugu, do que Faustão,
Que Ratinho, Sílvio Santos, Raul Gil,
E em termos de comédia no Brasil,
Essa turma realmente é puro dom,
Eu assisto, recomendo e acho bom,
Esse tal de horário eleitoral,
Não tem Casseta, CQC, Zorra Total,
Até acho melhor que o Show do Tom.