domingo, 14 de agosto de 2011

Folclo-rindo

 Humor do Sertão

 Era um domingo de manhã. Debaixo do Tamarindo frondoso eu, meu pai e alguns vizinhos botávamos a prosa em dia. Entrementes, minha mãe aparece na porta a reclamar:
__ Dois homens em casa e os potes secos!
Diante da Reclamação pai faz uma constatação:
__ Se pegassem a água que carreguei nos ombros, de galão, desde os meus oitos anos de idade e derramassem lá na Serra de Luis Gomes, esse rio aqui ficava com água no pescoço!

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 Vendo minha mãe de saída para a feira, meu pai fez um pedido:
__ Compra uma carninha!
 E minha mãe... __ Ambom, Comesse carne ontem?!
Nova constatação do meu pai:
__ Juntando toda carne que eu comi na minha vida num dá um bode de oito quilos!
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Cheguei lá em casa para uma visita dominical e não tinha ninguem. Porem eu sabia o esconderijo da chave e entrei. Liguei a TV pra assistir a Fórmula 1. Pouco tempo depois chegou meu pai.
__ Vem da feira? perguntei. __ É! respondeu.
__ Viu mãe? perguntei de novo.
__ Não! Até procurei! Em Maria Emília, Em Antônia Boi, na banca de Luzanira, em Leôncio... Nada.
__ Aliás, tua mãe é como alma, só vê quem tem merecimento!

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Meu pai disse que se preparou para ver um jogo do Botafogo na cidade (ainda não tinha luz elétrica nas Aguilhadas) quando o tempo começou a se fechar. Pensou: "se eu sair agora vou levar essa chuva nas costas." Nessa hora lembrou de sua mãe Marcelina e de suas lições religiosas, que rezando-se  o credo três vezes se alcançaria a graça. Então começou a oração para espantar a chuva iminente. Só que resolveu rezar do fim para o começo: Rezou a primeira vez e foi à porta verificar o resultado de sua fé. O tempo já tinha ficado mais aberto, disse. Já dava, inclusive, para ver algumas estrelas. Então rezou a segunda e foi olhar. Até a lua já brilhava no céu...
__ Aí não precisou nem rezar a terceira vez, einh tio, perguntou-lhe o sobrinho Zé Carlos.

__ Não! Mas não rezei, porque tive medo do sol sair!



Homenagem, neste dia dos pais, a Francisco José de Oliveira, o meu.

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