sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Opinião


Idolatria e Fanatismo.
Zenóbio Oliveira

É penoso ver essa juventude no exercício vergonhoso do fanatismo e da idolatria. Chega a desapontar quem sempre acreditou na evolução da humanidade e vê que esta caminha a passos largos para o abismo da bestialização.
As cenas televisivas de meninas histéricas que se esgoelavam pela atenção do “brasileirinho da mídia”, o Neymar, denunciam não apenas uma deficiência cultural, mas um atraso humano. “Por que todos esses gritos pelo Neymar?” perguntou um repórter. “Porque ele é lindo” responderam as garotas de Belém do Pará. Como se pode ver, a cegueira cultural leva à cegueira física, visual, propriamente dita.
Ontem presenciei a chegada da cantora Vanessa da Mata para um show na Praça de Eventos da Avenida Rio Branco, em Mossoró. Alguns fãs se acotovelaram em busca de um registro fotográfico com a cantora, que de cabeça baixa, num ato menoscabo, demonstrava desdém e altivez aos seus admiradores escravos.
Tive vergonha por essas pessoas, nos dois casos, pois compreendo que o fanatismo e a idolatria são atos extremos e irracionais, alem de atestado assinado e autenticado de inferioridade pura. É preciso que se combata essas anomalias sociais. A natureza nos deu o privilégio da racionalidade e, longe disso, estaremos, até o pescoço, num estado de inanição cultural, admirando tão somente nossa babaquice.
           




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rádio

Após mais de 100 dias fora do ar está voltando desde domingo passado o programa Palco Nordestino na FM Universitária 103,3. Para o apreciador da música nordestina acompanhar basta apenas sintonizar a Universitária FM aos domingos das 06h às 09h da manhã. É claro que, pela qualidade, recomendamos a sintonia de toda a programação da emissora.
Um diferencial.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Opinião

A DEUSA NÃO É “CEGA”. É LENTA.


O noticiário nacional, seja no rádio, jornal ou televisão, enche diariamente os nossos olhos e ouvidos com falcatruas e maracutaias: políticos medonhos afanando dinheiro público; bandidos de colarinho branco desviando verbas destinadas para a saúde e educação e outros crimes bárbaros. Este mesmo noticiário não mostra ninguém sendo preso. No máximo vão até à delegacia acompanhados de seus advogados para prestar “esclarecimentos”, e depois são liberados.Tais desmandos suscitaram uma grande dúvida: será que a justiça é “cega”?“Caí em campo”. Fiz uma pesquisa minuciosa para entender o que significa a figura daquela mulher com os olhos vendados, carregando em uma de suas mãos a balança e na outra uma espada. Durante a minha pesquisa,encontrei no jornal Carta Forense edição on-line que “a venda tem como função básica evitar privilégios na aplicação da justiça, sendo a balança o instrumento que pesa o direito que cabe a cada uma das partes e a espada item indispensável para defender os valores daquilo que é justo, já que a norma sem a possibilidade de coação dependeria apenas das regras de decência e convivência de cada comunidade, o que seria ineficaz para garantir o mínimo ético indispensável para a harmonia social. Podemos dizer que a espada sem a balança é força brutal, assim como a balança sem a espada tornaria o Direito impotente perante os desvalores que insistem em ser perenes na história da humanidade”. Eu acrescentaria algo mais na figura da mulher de olhos vendados. Uma corrente em seus pés para representar a lentidão da justiça. E para ilustrar esta lentidão, a história do servidor público de um município da região: Aquele teve o seu “robusto” salário mínimo reduzido pela metade (por ordem do prefeito eleito na época) como punição pelo simples fato de ter exercido um direito “sagrado” da democracia: votar livremente. O servidor procurou a justiça do trabalho e aguarda há exatamente 10 anos o reparo deste crime. O cidadão da história é resignado e extremamente religioso. Vê na lentidão da justiça um desígnio de Deus e acredita na “justiça” divina. Contextualizando esse episódio, com base na figura da mulher de olhos vendados, pode-se imaginar que a prefeitura está dentro de um prato da balança bastante inclinado para baixo, enquanto que o humilde servidor encontra-se dentro do segundo prato, inclinado para cima, com a espada enfiada na boca, perpassando o intestino grosso e delgado e saindo pela região glútea, a espera do veredicto final.

FABIANO REGIS
Radialista e bancário.


Preguiça Judicial 
Zenóbio Oliveira



Maria de Seu Chico três vinténs,
Casou-se com Titico de Honório,
E resolveram os dois, que o casório,
Iria ser com repartição de bens,
Consolidada a partilha dos teréns,
Documento em cartório foi lavrado,
Terras, imóveis, troços, gado,
Pertenceria, assim, a cada qual,
Só que a primeira querela do casal,
Foi parar no birô do magistrado.

É que Maria ganhou uma novilha,
Dada pelo pai, ele, seu Chico,
Que cruzou com um garrote que Titico,
Também tinha ganhado da família,
Só que o documento da partilha,
Não previa esse tipo de emperro,
E justamente por causa desse erro,
Estão, há tempo, na justiça a debater,
Num processo de litígio pra saber,
Qual dos dois é o dono do bezerro.

E enquanto espera uma sentença,
Essa novela de Maria com Titico,
Passeia pelas rodas de fuxico,
O que aumenta mais a malquerença,
A demora consolida a desavença,
E a lerdeza forense, essa preguiça,
Atiça neles o fogo da cobiça,
Pois no gado foi num foi nasce uma cria,
Tanto é meu patrão que hoje em dia,
Quase todo o curral ta na justiça.

























quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jogral

Independência? 
Zenóbio Oliveira


Independência ou Morte?
Um grito forte,
Soou no espaço,
Fio de aço,
Cortando o laço,
Com Portugal...
Curou-se o mal da escravidão?
Toda moganga,
Do Ipiranga,
Tirou a canga,
Do espinhaço,
Do cidadão,
Desta nação?
Príncipe colono,
Tomou o trono,
Depois o trono,
Trocou de dono.
Neste contexto,
O príncipe novo,
Com seu estrovo,
Tange esse povo,
Pelo cabresto,
Mesmos currais,
Dos ancestrais,
Em outra era...
E a liberdade,
Essa beldade,
Que se venera,
Pura quimera,
E nada mais.

Crônica


INVASÃO NO TEMPLO
Fabiano Régis

O destino para a primeira reza da semana ficava a meia légua da minha casa. Não tinha tempo ruim que diminuísse a minha fé. Com chuva ou sol, nas manhãs de domingo, eu e a prole seguíamos livres pela Avenida, sem buzinas e sem insultos, para a reza que começava as oito. Eu saía bem cedo. É que o meu filho de cinco anos, só queria sentar-se na primeirafila, como se quisesse a bênção de Deus primeiro. Do pé de sombra que se avizinhava ao adro, olhei o incansável relógio entre vitrais, que marcava um quarto de hora para começar a reza. O templo naquele domingo parecia pequeno para tantos fiéis. _Perdi a hora. Pensei.                                                                                                   
_Pode deixar doutor! Tá comigo, tá seguro. – O flanelinha sempre vigilante.
Acostumado, subi a calçada e fui pelo corredor para a primeira fila. De longe observei que os primeiros bancos estavam isolados com fitas amarelas.                                   
_Meu filho, hoje nós vamos ficar em pé escorados ali naquela janela, que é mais ventilado. Duas horas de missa, num instante passa. – Argumentei.                       
_ De jeito algum. Eu não sou besta como você, para assistir uma missa de pé, com tantos bancos vagos! – foi incisivo com as palavras.                                            
O instinto de pai zeloso falou mais alto do que a razão. Depois de escutar o meu filho, passei por baixo da fita amarela que isolava uma fileira de bancos e sentei. Sem avisar, chega um homem alto, de cor branca, carregando um crucifixo no peito, do tamanho da sua fé. Sentou-se ao meu lado, e olhando para o altar, sussurrou:                              
_ Você não pode sentar-se aqui, de jeito nenhum.                                                  
_ O senhor pode me dizer por quê? _Perguntei desconfiado.                                
_ Você tá cego? Esses bancos isolados com fitas amarelas são para autoridades convidadas. Hoje é acomemoração dos cinquenta anos de episcopado?! -Respondeu abusado.                                                                                                          
_ Escute aqui cidadão. Eu só saio daqui se Jesus Cristo, o dono da casa mandar. Falei em tom desafiador.                                                                                                     
No final da reza, saí do templo aborrecido e pecador.                                            
_ E aí doutor, você viu? Meio mundo de carro e gente! Domingo o senhor vem de novo? -Perguntou o flanelinha, satisfeito com o faturamento.                                   
_Não sei. Até lá, é bem possível que eu mude de religião.