sexta-feira, 27 de maio de 2011

Soneto




Foto - Blog PatuNews http://www.patunews.com.br/2010/12/fotos-antigas-de-patu_15.html







Se eu fosse um trem, garanto que eu seria
um trem daqueles velhos trens de outrora !
A uma estação eu nunca chegaria
senão depois de ter passado a hora.

O melhor da estação está na espera
do trem que vai passar e que atrasou
Se eu fosse mesmo um trem (ah, quem me dera !)
eu seria esse trem que não passou...

Eu seria esse trem retardatário,
cheio de lassidão, trem proletário,
que o povo espera sempre na estação,

numa esperança sempre renovada
de que esse trem lhe traga na chegada
um pouco de alegria ou de ilusão.

Autor desconhecido

terça-feira, 24 de maio de 2011

Opinião


O rádio e sua relação com a educação 
Por Zenóbio  Oliveira
                                                                                                                           
Kracauer e Benjamin, proto-frankfurtianos, acreditavam que o capitalismo, ao promover a industrialização dos bens culturais, criara, involuntariamente, as condições para a democratização da cultura. Para Benjamin, em seu ensaio “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” as tecnologias de comunicação sucessoras da fotografia são caracterizadas pela sua reprodutibilidade. Na sua concepção as técnicas de reprodução separam o objeto reproduzido da sua tradição, desunifica a obra e cria a seriação dela e, conforme permitem à reprodução vir ao encontro do espectador, nas mais diversas situações, tornam o objeto reproduzido cada vez mais atual e recente. Isso faz com que ocorra a renovação da humanidade em detrimento da tradição. Como resultado desse processo, defendeu Benjamin, a obra de arte perde sua “aura”, e se situa ao alcance da massa. As tecnologias de comunicação, e nesse contexto histórico estão inseridos o rádio e o cinema, seriam virtuais instrumentos de democracia e progresso para a humanidade.
 Opondo-se às idéias de Kracauer e Benjamin, Theodor Adorno, apesar de concordar que os meios técnicos possuíam características democratizantes e progressistas, defendia que não se desenvolveriam nesse sentido por estarem a serviço de uma industria cultural convertida em sistema.
           A batalha teórica da escola de Frankfurt deitou o terreno para as discussões acerca das potencialidades dos meios de comunicação de massa ao longo da história, sempre de maneira atual e presente, ganhando em nossos dias os ingredientes da expansão e inovações tecnológicas.
             Hoje, sugere-se que a educação seja o elemento fundamental dessas potencialidades dos media, capaz de promover a cidadania e, consequentemente, atuar como agente de transformação social.
          Desde a descoberta da existência de ondas eletromagnéticas pelo escocês James Clerk Maxwell em 1873, da sua comprovação a partir das experiências de Rudolf Henrich Hertz em 1888 e do desenvolvimento da tecnologia capaz de transmitir sons complexos pelo italiano Guglielmo Marconi, no final do século XIX, até hoje, o rádio, em mais de cem anos de história, passou por profundas transformações, suplantando ameaças, vencendo desafios, assimilando e se adaptando às novas tecnologias.
      O rádio no Brasil teve um início promissor, no que se refere à educação, mas pouco duradouro, até render-se às exigências mercadológicas. As tentativas do professor Roquete Pinto, através da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, no entanto, traçaram o caminho para essas possibilidades educativas do rádio como um dos seus principais desafios. As experiências de Roquete Pinto na transmissão de educação e cultura pelo rádio, ainda que não consolidadas na radiodifusão atual, já podem ser vista dentro de perspectivas promitentes nas rádios educativas e comunitárias espalhadas pelo país. Este veículo experimentou diversas transformações, tanto técnicas como de conteúdo, segmentando-se frente à concorrência com outros meios, como a televisão, por exemplo, mas manteve-se até hoje como o mais popular meio de comunicação de massa.
        As potencialidades dos meios de comunicação como instrumentos de transformação social e agentes da cidadania, e o rádio aqui se apresenta como o mais elementar e significativo por sua expansão, baixo custo e segmentação, fazem parte dos debates atuais. Como síntese do embate teórico da escola de Frankfurt, a transmissão de educação e cultura acontece sim, mesmo que de forma involuntária, pois proporciona ao público o contato diário com as várias culturas e formas de vida. Pode-se concluir que, segmentado, o radio constitui-se elemento fundamental para os fins educativos no Brasil, já que produz um envolvimento maior com seu público, atendendo melhor suas necessidades.
           







Folclo-rindo


Filosofia sertaneja

Na cerimônia de casamento de Zé Carlos e Netinha, uma coisa ficou notória: a diferença de biótipos que existia entre os dois. Zé é um garoto franzino, que pra ser chamado de magro precisaria engordar mais uns quatorze quilos, e Netinha é uma morena grande e avantajada sem, contudo, destoar dos padrões sociais modernos de beleza.
A verdade é que essas corporaturas destoantes viraram o tema central da festa.
__ Rapaz, ela é muito grande pra ele! Dizia um;
__ Dá dois dele! Dizia outro;
Foi então que entrou em cena a filosofia sertaneja de Assis de Mané Brabo:
__ Besteira menino, morcego não fura um boi?!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Folclo-rindo

Um certo político escrevinhava um bilhete para a esposa. Em um dos trechos colocou:
“(...) preciso ir a Macal resolver um negócio...”. 
Seu assessor o interpelou dizendo:
__ Senhor Macau não se escreve com “L” não!
E o camarada:
Ora se NATAL que é muito maior eu escrevo com “L” rapaz, porque é que MACAL eu num vou escrever!

Paquera


Por Zenóbio Oliveira

Tem uma moça me olhando de um jeito,
Com um olhar maldoso, de relance,
Como se desejasse ter a chance,
De residir cá dentro do meu peito.

Mal sabe essa moça que um romance,
Que no passado me tornou sujeito,
Faz-me fugir do que eu julgar suspeito,
De que meu coração jamais alcance.

Por isso moça do olhar esverdeado,
Se um outro amor já me deixou coitado,
E ainda há uma dor que me lacera,

Entenda um coração que ainda ama,
Não querer reviver o mesmo drama,
Que nasceu também de uma paquera.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Opinião


Por Allan Erick.
Postado originalmente no http://allanerick.blogspot.com

A mídia estadunidense celebrou a suposta morte de Osama Bin Laden, ocorrida na madrugada de segunda-feira 2 de maio, como se o evento fosse um divisor de águas. No imaginário do americano médio, bombardeado diariamente por uma propaganda de medo, o desaparecimento do fundador da Al Queda representa a solução para o estado crônico de tensão que o país vive, o anti-americanismo que se alastra pelo mundo e o atoleiro de duas guerras.

A mídia brasileira que, além de servil, há muito tempo perdeu a autonomia editorial e o senso crítico, fez coro. Enalteceu o "esforço" estadunidense na "guerra contra o terror", descreveu o "feito" em tom de homenagem aos soldados americanos que perderam suas vidas nessa "luta" e exibiu exaustivamente  as imagens do 11 de Setembro, ataque sofrido pelos EUA supostamente  planejado por Bin Laden - não há prova factual da autoria - e que deu início a chamada "guerra contra o terror".

Os milhares de Afegãos mortos, o fato dos soldados serem invasores e Osama ex-aliado dos EUA, são temas que não ganharam destaque na cobertura brasileira.

O que a suposta morte de Bin Laden representa em termos concreto para os EUA? Rigorosamente nada...

Uma história no mínimo mau contada

Não sou adepto de teorias da conspiração, apenas cético e por isso não consigo entender a lógica de se livrar de um "troféu" antes de exibi-lo exaustivamente. Os EUA passaram 10 anos procurando Bin Laden, quando finalmente o pegam, somem com o corpo? Alegaram ter seguido um ritual muçulmano e o jogaram no mar. O problema, além do fato dos EUA não respeitarem tradição, costumes culturais ou religiosos de nação alguma - pois são um país etnocêntrico - não é dessa forma(jogando no mar) que se sepulta um muçulmano.

Depois da foto falsa de Osama Bin Laden "morto" que correu o mundo, os americanos agora dizem que confirmaram que o corpo era do saudita através de um "exame de DNA". Perfeito não é mesmo? O DNA é infalível...o problema é saber a origem desse exame e elucidar algumas questões técnicas e científicas acerca do procedimento. Afinal qual a origem do material genético utilizado para ser comparado com o de Bin Laden? Os EUA permitirá a realização de uma contraprova, feita por uma equipe independente de cientistas internacionais e usando o DNA do filho de Bin Laden que mora na Inglaterra?

Convenhamos que não é prudente acreditar cegamente nas "provas" fornecidas pelos EUA. É preciso lembrar que o país fabricou "provas" de que o Iraque possuia armas de destruição em massa. Uma forma de justificar mais uma guerra de agressão e tudo com o apoio da grande imprensa internacional.

Um erro recorrente do império

Mesmo com experiência em políticas externas beligerantes e agressivas, baseadas na força, no fomento aos golpes de estado e estando envolvidos direta ou indiretamente em quase todas as guerras do século XX e XXI, os EUA ainda não conseguiram aprender o básico: não se pode matar uma ideia.

O chamado "terrorismo islâmico" é resultado dessa política externa unilateral que subjuga o Oriente Médio e o mundo Árabe. A política estadunidense na região baseia-se no apoio aos ditadores corruptos(e marionetes)  ou, quando a diplomacia falha, através da força bruta. O modus operandi estadunidense além de humilhar o mundo islâmico dá suporte econômico, diplomático e militar à opressão sionista ao povo palestino, assunto que revolta todos os muçulmanos.

Como disse Michel Foucault, "Onde há poder há resistência", e as reações de uma parcela desses povos oprimidos por vezes são violentas. Não é essa a linguagem que os inimigos(EUA e seus vassalos) entendem?

A única via possível para se alcançar a paz é a correção dessas políticas agressivas, ditadas pela dependência dos EUA por petróleo, pelos interesses do complexo industrial-militar e pelo lobby sionista, forças poderosas  infiltradas na política estadunidense. Os prognósticos são os piores possíveis.

A suposta morte de Bin Laden não vai acabar com os ataques terrorista da Al Qaeda, é mais provável que eles sejam ampliados.

A "guerra contra o terror" já dura 10 anos, consumiu a vida de quase 1 milhão de afegãos e iraquianos, 5 mil soldados da coalizão, além das 3 mil vítimas de 11 de setembro.

O "oba-oba" da comemoração da morte de Osama durou pouco mais de uma noite, a tensão é reestabelecida em dobro e mais violência certamente virá.

Sem muito esforço dá para perceber que a vida humana não é prioridade nessa guerra...