quarta-feira, 2 de maio de 2012

A mãe nossa de cada dia


Marcos Bezerra, do Novo Jornal

Pequenina, magra, olhos verdes acinzentados e um nariz afilado demais da conta que cheguei a duvidar se ela conseguia respirar direito. Com o perdão da indiscrição, quase perguntava. A moça em questão é estudante de comunicação social, habilitação em rádio e TV e chegou à redação do Novo Jornal graças a uma ligação de sua mãe, dona Salete, num início de tarde da semana passada.
Fiquei de responder, mais tarde, sobre uma semana de teste para uma vaga de estágio. Consultadas as autoridades constituídas, não houve problema e a estudante do 7º período ficou de aparecer às 14h da segunda-feira. Nome e sobrenome dela eram complicados – na apresentação a moça pelo menos facilitou ao trocar o segundo nome, que não lembro nem a poder de reza, por Gois, “com ‘i’ e sem acento” destacou. Kyberli era o primeiro nome, soletrado para eu anotar. Antes disso achei por bem, ao falar sobre a nova candidata a estágio, chamá-la de “filha de dona Salete”.
E quem é dona Salete? Foi a pergunta mais ouvida e para a qual eu não tinha resposta – a não ser dizer que era uma senhora que tinha ligado para batalhar uma vaga de estágio para a filha. “A moça que eu tinha falado…”; “Sim, mas quem é ela?”, “A filha de dona Salete!” E isso gerou situações divertidas na reunião de editores e na redação, onde, na segunda-feira Kyberli foi apresentada, claro, como a filha de dona Salete, já que eu não lembrava o nome.
Brinquei de reclamar, mas Jalmir Oliveira, repórter que é, questiona que se a gente aprendeu o nome de Tulius Tsangaropulos, Kyberli ia ser fichinha. Verdade. Tsangaropulos, o “grego” que andou entre a gente e foi perseguir o sonho de ser repórter de televisão na Inter TV. É assim a vida, de idas e vindas que dependem de nossas escolhas. Certas ou erradas, a gente só vai saber e avaliar depois, como faço agora na maturidade. Teria feito tudo diferente, ou tudo igual de novo? Sabe Deus. Sei que tentaria melhorar como ser humano. E Kyberli Gois já precisou fazer uma escolha.
Depois de três dias em meio ao caos relativamente organizado de uma redação de jornal ligou dizendo que tinha saído o resultado de um teste que havia feito em outro lugar. Não perguntei onde era, desejei boa sorte e não me esqueci de mandar um abraço para dona Salete. Ela, que chamo de dona, mas que talvez seja até mais nova que este digitador de ideias tortas, é mãe de Kyberli, mas é também minha e sua. A figura que nos bota no mundo, nos ensina a andar e vai dando uns empurrõeszinhos de vez em quando, para a gente tomar tento na vida. Lembrei de dona Cícera, minha mãe, que foi atrás e conseguiu o primeiro emprego de minha vida nas Casas Pernambucanas. De dona Salete não anotei nem o telefone, mas guardei a certeza que Kyberli Gois também tem uma mãezona.

Um comentário:

  1. Por isso que elas são chamadas de "mães". Aliás, as "donas Salestes", eu costumo dizer que elas são anjos enviados por Deus para cuidar de nós.E como elas se esforçam para defender suas crias! Com um jeitinho elas vão encaminhando-as. E por mil caminhos - todos lícitos, claro.
    Abraço,
    Raimundo Antonio

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