segunda-feira, 3 de junho de 2013

Poesia pura

Bolero de Isabel      
Jessier Quirino


É um nó dado por São Pedro,
Desarrochado por São Cosme e Damião!
É uma paixão, é a sensação de um repente,
Igual ao quente do miolo do vulcão.

Quer ver o bom é o aguado, quando leva açúcar,
É ter a cuca açucarada num beijo roubado,
É o pecado, confessado ao Mestre Sereno,
Levar sereno num terreiro bem enluarado.

É o pinicado do chuvisco no chão pinicando
Ficar bestando com o inverno bem arrelampado
É um recado da cabocla, um beijo mandando:
Tá namorando a cabocla do recado!

Quer ver desejo, é o desejo tando desejando,
E a lua olhando este amor na brecha do telhado,
É o rodeado do peru, piruando a perua
É a canarinha galeguinha cantando o canário.

Zé do Rosário bolerando com Dona Isabé
Dona Isabé bolerando com Zé do Rosário,
Imaginário de paixão voraz e proibida
Escapulida, proibida, pro imaginário!

Quer ver cenário é o vermelho da auroridade
É a claridade amarelada do amanhecer
É ver correr o aguaceiro pelo rio abaixo
É ver um cacho de banana amadurecer

Anoitecer vendo o gelo do branco da lua
E a pele nua, com a lua, a resplandecer
É ver nascer o desejo, com a invernia
E a harmonia que o inverno fez nascer!


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