terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Crônica

 A tecnologia a serviço do homem
                          Zenóbio Oliveira

          Estamos na era da modernidade. Época dos avanços tecnológicos, responsáveis pela queda das fronteiras econômicas e sociais do mundo, agora globalizado. No setor das comunicações, por exemplo, essas evoluções foram magníficas: satélite, televisão digital, rádio digital, internet, fibra ótica, GPS, ipod e  o escambau. Para se ter uma idéia desse progresso, basta que façamos a comparação: a notícia do assassinato do presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, há quarenta e sete anos, levou treze dias para chegar à Europa, enquanto que o primeiro tiro do exército americano no Iraque, de Sadan Hussaim, não demorou treze segundos para ser sabido em todos os continentes. Isso sem contar que o rebolo de dois aviões nas torres do Word Trade Center feito, em 2001, pela patota de Osama Bin Laden, foi transmitido ao vivo e a cores para todos os quadrantes do planeta.
          No meio desse contexto digital, de toda essa virtualização desenfreada fico meio perdido. Mas também, nos tempos da minha infância, remota, lá nos confins de um cafundó sertanejo, a comunicação era feita através do bom e velho recado. Quando queríamos que uma informação fosse levada a um parente mais distante, escrevíamos uma carta - vovô chamava de missiva - ou por outra recorríamos à Rádio Rural de Mossoró e a notícia ganhava o mundo na voz rouca de Seu Mané da Coalhada, pelo programa "Notas e "Avisos".
__ Aviso para o Sítio picadinha, Gov. Dix-Sept. Abílio, sua filha Noca avisa que já está em Mossoró e que deixou a chave de casa debaixo do pilão, assina Noca.
Era batata. pois toda casa do sertão, praticamente, tinha um rádio ABC, A voz de ouro.
          Pois bem, voltando ao assunto em questão, considero o computador o grande responsável por essa unificação de fronteiras, o divisor de águas entre o antigo e o novo no mundo das comunicações, se analisarmos somente esse viés. É ele o maior causador dessa alavancagem da comunicação, mas, de outros setores também, tanto econômicos, quanto sociais, como é o caso, por exemplo, da comercialização de produtos pela internet. E são significativos os benefícios para quem pode contar com uma máquina dessas. Comparando as potencialidades de conhecimento e a facilidade de acesso a produtos e serviços entre os que dispõem e os que não dispõem dessa tecnologia, evidenciamos uma enorme diferença, de avião pra carroça.
          O interessante é que, dispondo uma vez dessa parafernália, você se torna dependente. Sorte, então, de quem contar com um equipamento de ponta, porque longe disso, amigo, você vai está encrencado. Tiro por mim. Tentei realizar uma pesquisa de preços na grande rede. Sentei diante de um computador já bastante velho e, claro, muito ultrapassado, fruto de doação. Um modelo submetido a várias reciclagens operacionais e a gambiarras de acessórios, ou seja, um modelo obsoleto, ressuscitado de algum lixo eletrônico. O gabinete não tinha nem mais a cor original, o processador lento demais, o disco rígido pequeno e muito pouca memória RAM, como diria um amigo, não tem memória, mas uma vaga lembrança.
          O bicho demorou mais de quinze minutos só para abrir a área de trabalho, uns oito para se conectar à rede e outros dez para abrir o site de navegação. Juntando minha lerdeza com a da máquina, foram mais quarenta minutos pra encontrar o produto que, pelo menos estava em promoção, com vinte por cento de desconto. O problema é que quando eu cliquei na opção a tela ficou branca. Esperei um tempo. Nada. Com um bom pedaço apareceu escrito no canto inferior esquerdo da tela:  "fazendo download da imagem". De repente, sem quê nem mais a praga travou. Aquela setinha do mouse, rato em nosso dialeto, nem se bulia. Pra completar apareceu uma caixa de texto com a mensagem: "o programa não está respondendo, precisa ser fechado". Fiquei com a molesta, quem já viu? Seiscentos diabos, arte do cão. Repeti a operação algumas vezes, mas não obtive sucesso.
          O resultado de tudo isso foi que perdi a promoção e a paciência. Depois pra comprar o que eu queria, tive que recorrer aos préstimos de um vendedor de crediário que todo sábado rodava pela comunidade, numa Belina Del Rei, mil novecentos e começo do mundo, equipada com uma boca de ferro, alardeando aos quatro ventos a qualidade dos seus produtos e serviços. Tudo para não abrir mão de encomendar a mercadoria no conforto do meu lar. O ruim foi que o objeto, de extrema necessidade, ficou pelo dobro do preço lá da loja online, porem, com a consolação de ser dividido em vinte e oito suaves prestações, sem entrada e com quarente e cinco dias para dar a primeira. Então, compra realizada com sucesso e, em vez de número de pedido, protocolo de venda, IP de identificação e essa coisa toda, apenas um ZEARNOB OLIVERA na caderneta de fiados de "Seu Quincas da Belina".

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